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ÍCARO BRASIL Nº 197, 198 e 199 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2001

Carga avançada

Começamos o século 21 com grande volume de compras no sistema Internet. Mas para que a demanda criada pelo e-commerce atinja todo o seu potencial, dependemos de que o público se convença da existência de segurança no processo de fornecimento de dados pessoais, do comprador ao fornecedor. E também da confiabilidade de um sistema de entregas multimodal que funcione a contento. De tangível, em todo esse processo, além do próprio produto comprado, só o transporte da mercadoria: o restante é virtual, da escolha do objeto desejado ao processo de compras, até a ordem enviada ao almoxarifado. Uma peça de computador ainda pode esperar um pouco, mas uma flor ou uma fruta tem pressa. A rosa embarcada em Campinas, pela manhã, no dia seguinte deve estar enfeitando um requintado salão de festas em Amsterdã. A manga embarcada no Nordeste no dia de hoje deve estar no ponto para ser saboreada por um parisiense, amanhã, na hora da feira. Trata-se, a flor e a fruta, de dois perecíveis naturais. Mas há também os perecíveis econômicos, como o jornal que, embarcado no último vôo noturno do Rio, deverá ser lido em Manaus na manhã do dia seguinte. Não esquecer também que todo vôo é cargueiro, sendo que 50% da carga aérea mundial é transportada nos porões das aeronaves de passageiros. Mais uma razão para cuidar bem das cargas, como se quem despachou a mercadoria estivesse viajando, e não apenas a sua encomenda, da simples à mais complexa. Carga aérea representa ao mesmo tempo um grande negócio e uma enorme responsabilidade. Até status de astronauta ela já adquiriu, no caso da montagem em órbita das estações espaciais, de onde sairão as viagens interplanetárias mais audaciosas que o intelecto humano já concebeu. Além disso, o crescimento do volume de cargas em todo o mundo tem sido maior que o incremento do número de passageiros, embora este último também venha crescendo muito. É por isso que as companhias aéreas, ao repensar suas estratégias, levam em conta, cada vez mais, o conceito de que é preciso gerenciar muito bem o seu processo logístico como um todo, pensando no passageiro que viaja, mas também na carga que ele precisa transportar, com agilidade, segurança e pontualidade.

 

Variáveis controláveis e não controláveis

Companhias aéreas constituem-se em negócio muito complexo, definido certa vez pela revista Fortune como "a atividade que reúne o maior número de variáveis não controláveis, dentre as múltiplas iniciativas empresariais já criadas pelo homem". Por isso mesmo, a mais importante característica do nosso trabalho é o cuidado com as variáveis controláveis. É o caso, por exemplo, dos serviços de manutenção, que levamos muito a sério, uma tradição que vem de 1927, quando a VARIG foi fundada.
Quanto às variáveis não controláveis, a mais conhecida delas são as condições meteorológicas, que contam com previsões muito acuradas, de forma a garantir a segurança e o conforto dos viajantes aéreos. Só que, embora possamos prevê-las, não temos condições de modificá-las, pelo menos até hoje, início do terceiro milênio, não estando visível no horizonte algum desenvolvimento tecnológico confiável que atue nesse sentido.
Outra variável não controlável são os próprios passageiros de uma aeronave, já que cada ser humano é uno e indivisível, com suas características, sentimentos e reações que se revelam nas mais diversas situações do dia-a-dia, mas que no avião se sintetizam, no microcosmo da cabina, na duração de uma viagem. Ali, nos trajetos longos, desfilam as várias etapas de uma jornada cotidiana daquelas pessoas, cobrindo refeições, trabalho, repouso, entretenimento, até o café da manhã.
É claro que os passageiros têm noção da complexidade em que se constitui a operação de levá-los de um ponto ao outro da superfície terrestre, em condições ideais de temperatura e pressão, procurando preservar também os hábitos e necessidades de cada um. Mas o que eles levam na memória após o vôo são as pessoas com que tiveram contato na empresa aérea. Nesse ponto se destacam as comissárias da VARIG, uma marca registrada da companhia, que conseguem manter o bom humor de ponta a ponta no vôo longo, e que, no vôo curto, fazem malabarismos para atender a todo mundo. Na ponte aérea VARIG-Rio Sul, trajeto Rio-São Paulo, elas servem um avião lotado em 40 minutos, com tempo suficiente para oferecer duas variedades de sanduíche quente. O segredo: vocação, empenho, boa vontade, sensibilidade, entusiasmo, treinamento e, claro, muito carinho.

 

Encurtando distâncias

Duas características do ser humano o fizeram progredir do habitante das cavernas ao ser cada vez mais evoluído (embora ainda bastante imperfeito) de hoje:
 

  • sua vontade irrefreável de fazer sempre mais e melhor, inventando, criando e desenvolvendo a tecnologia de que necessita, para viver com maior segurança, conforto e bem-estar;
  • a naturalidade com que as sucessivas gerações abraçam o estágio de desenvolvimento alcançado pelas gerações anteriores, partindo deste para novas conquistas.
     
De fato, é na utilização e na ampliação dessa notável herança cultural da humanidade que mais se distingue o Homo sapiens dos outros animais que vivem na face da Terra.
A tecnologia, vista sob esse prisma, aparece desde os primórdios, como uma ferramenta de trabalho a serviço do homem, e não como um objetivo em si. Ela transforma idéias em coisas práticas, convivendo conosco em quase todas as ações e rotinas, mesmo que não nos apercebamos sempre da sua presença.
A tecnologia é mais explícita quando se embarca num jato moderno, que sintetiza tudo que o espírito humanista conseguiu desenvolver, do pensador grego ao mais bem equipado pesquisador de ponta dos laboratórios de hoje. É menos explícita, embora também esteja presente, na criativa estampa da gravata que escolhemos para dar o laço hoje de manhã. Nesse sentido, o povo do nosso país vem dando provas permanentes de criatividade em diversos campos da atividade humana, mas faltam ambiente e condições para que possamos avançar na inventividade - que por aqui anda baixa -, fruto de um desenvolvimento tecnológico sistemático, amplo e permanente. É justamente nela que reside a diferença entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Para diminuir essa distância é preciso disseminar uma mentalidade tecnológica no país, com a vantagem inconteste de que não é necessário trilhar caminhos já percorridos, não é preciso passar por todas as etapas que levaram às melhores soluções. Um atalho pode ser mais rápido e mais barato.

 

 

O supermercado e o avião

Para várias atividades do dia-a-dia necessitamos de um auxílio à nossa memória. Um exemplo típico são as compras num supermercado. Contudo, nossa relação de mercadorias é feita numa ordem que nada tem a ver com a distribuição das gôndolas, o que muitas vezes nos obriga a numerosas idas e vindas. Quem viaja com freqüência já deve se ter perguntado como os pilotos fazem para, a cada dia, repetir dezenas de vezes quase uma centena de observações de luzes de aviso, instrumentos e indicações; manusear chaves, botões e alavancas, de acordo com uma seqüência fixa, testada e comprovada pelo fabricante da aeronave. Um piloto comercial é treinado a agir de uma forma muito mais organizada do que aquela com que enfrentamos as compras. Ele foi acostumado a obedecer à seqüência lógica que governa o monitoramento e a operação de centenas de indicações e comandos.

Mesmo com esse condicionamento (ou talvez por causa dele), nenhum piloto confia inteiramente na memória. Não se inicia um vôo sem as checklists de rotina. Na maioria das vezes, elas servem para confirmar as observações ou comandos já executados por um dos dois pilotos nas diversas etapas do vôo. Contudo, a lista é sempre consultada, como um apoio bem-vindo. Ela começa no período anterior ao acionamento das turbinas e só é guardada quando os pilotos deixam a cabine no destino. Apenas para o conhecido Boeing 737 - um dos mais simples jatos em operação - existem cerca de 80 desses lembretes, divididos pelas fases do vôo.

Antes de os pilotos darem partida nos motores, são 21; quando o avião é liberado para a partida, seis; após a partida, seis; antes da decolagem, seis; quando o avião é liberado para decolar, dois; após a decolagem, cinco; na descida/aproximação, cinco; no pouso, cinco; no corte das turbinas, 20; antes de os pilotos deixarem a cabine, quatro.

Existem ainda checklists mais curtas, que raramente são utilizadas. Elas cobrem todas as situações anômalas ou que exijam atenção especial.

 

Endoscopia no avião

Aendoscopia é um dos mais valiosos recursos da medicina moderna. Pouca gente deve saber, mas na mecânica aeronáutica são empregados aparelhos bastante semelhantes aos endoscópios. Trata-se dos borescópios (do inglês borescopes), usados por técnicos em motores especialmente treinados para exames - periódicos ou realizados quando ocorre a ingestão de um corpo estranho - daquilo que poderíamos chamar de aparelho digestivo dos motores a jato. Comparar a competência de um especialista em borescopia com a de um respeitado endoscopista não é exagero. A diversidade de características e o número de pontos examinados rotineiramente são até muito maiores numa borescopia do que numa gastroscopia.
Quando se suspeita da ingestão de corpos estranhos como pequenas pedras, peças metálicas ou gelo, o exame borescópico é feito de imediato, como medida preventiva. Mais comum é a inspeção periódica, a cada 600 horas (cerca de um mês de vôo). Em pouco menos de duas horas um motor a jato é esquadrinhado opticamente mediante a introdução de borescópios flexíveis ou rígidos em aberturas próprias na carcaça. São 14 orifícios para os compressores, quatro para a câmara de combustão e três para as turbinas. Com mãos seguras, olhar atento e uma imensa experiência na interpretação de imagens, o especialista em borescopia pode decretar a remoção do motor da aeronave ou, o que é muito mais comum, fornecer um atestado de saúde para a concentração de potência bruta que nos propele a quase mil quilômetros por hora pelo céu.

 

Rùdo contra rùdo

O ruído é hoje uma das grandes preocupações de fabricantes de aeronaves, companhias aéreas, autoridades aeronáuticas e, naturalmente, vizinhos de aeroportos. No entanto, não se pode comparar o nível de poluição sonora de um motor turbojato da era Boeing 707 com o de um turbofan atual. No primeiro, todo o empuxo é proporcionado por gases quentes que saem a alta velocidade e alta temperatura do bocal de descarga, cortando o ar frio exterior. Esse violento choque cria um ruído ensurdecedor. O advento do fan (lembrando uma grande hélice de quase quarenta pás) representou, além de uma brilhante solução de engenharia, uma redução drástica no nível de ruído. O impulso total depende muito mais de uma grande massa de ar a baixa velocidade do que de gases quentes a alta velocidade.
Os programas de pesquisa e desenvolvimento para silenciar outros focos de ruído, como entradas de ar, invólucros dos reatores e pás de fans e compressores também contribuíram: o ruído gerado pelos jatos de geração recente é cerca de um décimo do nível dos anos 60. Existem ainda outras fontes de ruído ligadas à própria passagem da aeronave pelo ar. Próximo aos aeroportos ruídos dessa natureza são agravados pelo trem de pouso baixado e pelos flapes parcial ou totalmente estendidos.
A solução definitiva: está em testes o sistema chamado Controle Ativo de Ruído que, à primeira vista, parece uma aberração tecnológica. Trata-se do combate do ruído pelo ruído. Aquele ruído que ainda incomoda alguns passageiros é captado por microfones de um complexo sistema de computadores; este gera um ruído próprio, de natureza quase igual e exatamente oposta. A mistura de ambos anula boa parte das incômodas ondas sonoras. O sistema já está sendo experimentado em vôo e funciona a contento.

 

 

 

 Rio Sul

Empresa e comunidade

Estamos iniciando um novo ano de atividades e este sim coincide com a entrada em um novo milênio. Por isso, com mais grandeza ainda, é hora de reavaliar nossas crenças e valores para que nosso discurso seja aquele que eticamente se concretiza na prática em relação aos nossos colaboradores, clientes e acionistas.

Cinco anos atrás, aqui na Rio Sul, nós discutimos aberta e cuidadosamente os diferentes conceitos que fundamentam distintos modelos de empresas. Optamos então por uma filosofia muito clara e objetiva: empresa bem-sucedida é aquela que respeita o cliente, reconhece os colaboradores, valoriza o investimento feito pelos acionistas e se mostra socialmente sensível aos desafios da comunidade em que atua. Com orgulho e humildade constatamos hoje que o modelo de empresa escolhido para permear todas as nossas ações é um modelo vitorioso.

Dentro da nossa filosofia de responsabilidade social, parte dos nossos lucros reverte para o apoio a ações filantrópicas, ambientais e culturais. Na área cultural, em que nossa presença tem sido expressiva, como mostra a matéria desta edição, a Rio Sul tem apoiado espetáculos de teatro e dança por todo o país, estimulando inclusive o surgimento de novos talentos.

Esperamos continuar atentos e eficientes em relação a todas as faces da nossa atuação - na empresa e na comunidade. E é com esse espírito que iniciamos o ano e o milênio.

 

Novos tempos

A entrada de novos players no mercado aéreo é um fato absolutamente normal e assim deve ser encarado pelo cliente e pela concorrência. Ele ocorre naturalmente em regimes de livre mercado, em economias abertas em que oferta e demanda são dimensionadas de acordo com as forças do mercado. O cliente, por sua vez, fica com mais opções de escolha em relação aos tipos de serviço que deseja e aos preços que está disposto a pagar por eles.
Freqüentemente criticada e nem sempre correspondida em suas justas reivindicações, a aviação comercial ganhou força com a entrada de novos parceiros. A partir de agora, teremos mais empreendedores se defrontando com os sérios desafios inerentes à indústria do transporte aéreo. Entre outras dificuldades, podemos citar o grande volume de despesas pagas em moeda estrangeira e sujeitas, portanto, ao risco cambial, e ainda a elevada carga de impostos cobrada antecipadamente sobre a receita e, pasmem, até sobre as despesas. São fatores que provocam um forte impacto no custo operacional.
Na nossa Rio Sul, contudo, continuaremos trabalhando para agregar valor aos serviços prestados ao nosso cliente selecionado. Estamos plenamente convencidos de que os valores percebidos da nossa marca representam, em última análise, conquistas pessoais e inalienáveis desse cliente. Para que sua viagem de negócios seja mais amena e prazerosa, ele tem todo o direito de usufruir de horários adequados, vôos freqüentes e serviço de bordo completo oferecido por comissárias competentes. Viajar bem é como hospedar-se num bom hotel. Uma escolha errada e tanto a viagem como o pernoite se transformam num motivo de insatisfação na atividade profissional.
É com este espírito que estamos trabalhando para nosso cliente e encarando os novos concorrentes.

 

Como vai nossa companhia

Há quatro anos a Rio Sul fez uma opção de filosofia empresarial que, a julgar pelos resultados, podemos, sem falsa modéstia, considerar inteligente. A empresa definiu como estratégia de marketing agregar valor a tudo o que faz, sempre no foco do cliente. Tendo como importante colaboradora a equipe da JCTM, renomada consultoria sediada em São Paulo, a companhia passou a potencializar suas próprias virtudes, as mesmas que, desde 1992, vinham dando suporte ao seu desenvolvimento com lucratividade.
Nestes últimos anos, o setor de transporte aéreo passou por várias crises, algumas de caráter conjuntural, outras exclusivas do próprio setor. Mas com certo orgulho podemos afirmar que a Rio Sul soube superá-las e, com o foco sempre ajustado no seu mercado selecionado, permanece firme na sua trajetória de sucesso.
Criando e conservando relações duradouras com o seu cliente, a empresa entende também que os resultados obtidos devem ser compartilhados generosamente entre colaboradores e acionistas.
A confiança do Grupo FRB-Par, principal acionista, nos projetos da Rio Sul, o entusiasmo e a participação dos seus colaboradores e o reconhecimento do valor percebido pelos seus clientes se constituem em visíveis fatores de sucesso da nossa Rio Sul.
Ao mostrar em números o que estamos afirmando, o próximo balanço da empresa só virá confirmar o acerto da nossa definição de projetos e escolha de parcerias.

 

Percy Rodrigues
Presidente da Rio Sul Linhas Aéreas

 

Competência na emergência

Nos raríssimos casos em que se exige a rápida retirada de passageiros, a postura incisiva das comissárias é fundamental para o sucesso da operação. Quanto ao passageiro, a melhor postura ainda é - não inventar soluções

É só conferir as estatísticas para confirmar que, dentre todos os meios de transporte, o avião é, comparativamente, o mais seguro. No entanto, os acidentes aéreos são sempre os que dão manchete. Justamente porque são raros e também porque envolvem um equipamento que mexe demais com a imaginação das pessoas: voar talvez tenha sido o mais ousado e recente sonho da humanidade - e que já nem é mais um sonho.
Um dos grandes fatores de segurança da aviação é que ela própria se revela extremamente realista em relação a possíveis panes e acidentes. Emergências existem e não vai ser um meio de transporte que opera além das nuvens que vai tentar tapar o sol com a peneira. Elas não só existem como todo o pessoal de bordo é minuciosamente treinado, técnica e psicologicamente, para reagir com eficiência e serenidade. Aliás, como começa uma viagem? Com a demonstração dos equipamentos de emergência.
Um dos procedimentos de emergência emocionalmente mais delicados é o da evacuação rápida de passageiros. Se um instrumento de bordo indicar, por exemplo, suspeita de fogo em uma das turbinas, um avião pode fazer um pouso de emergência, mesmo se o alarme tiver sido falso. Segundo recomendações internacionais, em 90 segundos - segundos! - todos os passageiros devem ser evacuados. O sucesso da operação depende principalmente da competência e determinação dos comissários. Mas a verdade é que, como lembra o Comandante Germano, Gerente de Segurança da Rio Sul, a prevenção de um caso como esse começa na própria concepção da aeronave. Já o próprio fabricante é obrigado a demonstrar que todos os passageiros podem ser evacuados em no máximo 90 segundos utilizando somente metade das saídas localizadas ao nível do solo, considerando-se o avião pousado e com o trem de pouso recolhido. As quatro portas de um Boeing 737, por exemplo, incorporam escorregadeiras auto-infláveis, que são armadas pelas comissárias tão logo a mensagem "tripulação, preparar para a partida" é ouvida no alto-falante a bordo.
Na verdade, a evacuação de passageiros é utilizada só em casos muito raros quando existe plena convicção ou, pelo menos, uma razoável suspeita de fogo. Estatisticamente, é muito improvável que um passageiro venha a participar de uma emergência dessas ao longo de toda uma vida de viajante. Se, no entanto, vier a acontecer, é bom que ele saiba exatamente qual é a melhor atitude a tomar e compreender também o delicado papel dos comissários. Vamos ver como as coisas se passam.
Quando o comandante ordena a evacuação, os comissários assumem diretamente o comando da operação. Eles abrem as portas do avião, desencadeando o mecanismo que expulsa e infla as escorregadeiras. A seguir, eles têm 90 segundos para retirar os passageiros, levando em conta que todos eles se encontram em estado de compreensível tensão. Para obter sucesso em sua difícil missão, eles precisam, de cara, trocar a gentileza habitual por uma atitude enérgica. O momento é de crise e, para romper o imobilismo gerado pela situação, as instruções têm de ser dadas de forma incisiva, em voz alta, aos gritos se for preciso. Tanto rigor é mesmo necessário? Cristiane Guilhem, Gerente-Geral do Comissariado de Vôo da Rio Sul, costuma dizer que, naquele momento, é melhor fazer demais do que arriscar o indesejável. Em aviação há um princípio tácito e universal: na dúvida, optar sempre pelo mais seguro. Assim, longe de significar descontrole, o comportamento mais incisivo durante as emergências não só é consciente, como duramente simulado durante os treinamentos.
Segundo Cristiane, toda comissária da Rio Sul é obrigada a fazer treinamento para emergências em cada um dos três equipamentos operados pela empresa - Boeing, Jet Class e Brasília. As provas finais incluem também um bom conhecimento teórico sobre aquele tipo de avião. Como a carteira exigida pelo DAC tem validade de dois anos e os equipamentos são três, a média de retorno para treinamento é praticamente uma vez por ano. Em outras palavras, elas treinam muito, com simulações as mais realistas possível.
Como o passageiro pode colaborar? Bem, primeiro procurando entender a postura severa e decidida dos comissários. Depois, fazer sua parte também de uma forma igualmente rápida e decidida. Dicas que podem facilitar:
- abandone o avião pela porta mais próxima;
- sapatos altos podem furar as escorregadeiras; salte de pés descalços;
- o tempo é escasso: não queira levar todas as suas bolsas e valores;
- salte sentado, com as pernas para a frente;
- chegando ao solo, afaste-se do avião, para trás do círculo formado pelos carros dos bombeiros.
Obedecer a pessoas experientes e bem treinadas é sempre o melhor caminho nas emergências. Para ilustrar a confusão gerada por instruções mal elaboradas, conta-se a história do sujeito que, numa emergência, tentou colaborar nas operações com as seguintes palavras de ordem: "Companheiros, calma que é fácil. Onde está escrito pull, não pulem, empurrem; onde está escrito push, não puxem, empurrem; onde está escrito exit, não hesitem, pulem".
Não é melhor obedecer a quem treina e estuda?

 

Como se adquire um avião

O processo todo parece um tanto complicado, e È mesmo. Mas acompanhe as suas diferentes fases e veja como a preocupaÁ“o com a seguranÁa est· sempre presente
Nos últimos anos, a Rio Sul tem aumentado sensivelmente a sua frota. Vamos imaginar dois passageiros mais curiosos perguntando como, afinal, se adquire um avião comercial para operar no país. Descrito o processo, um deles, o mais despachado, vai achar tudo muito complexo. O outro, talvez mais consciente do quanto é delicada e poderosa uma máquina capaz de desafiar a própria lei da gravidade, vai concluir que o processo tem que ser assim mesmo, sério e demorado. Só que ambos de certa forma estão certos. A aquisição de um avião envolve uma relação ao mesmo tempo séria e complexa entre comprador e vendedor. São tantas as barreiras que as duas partes têm de estar muito a fim para que tudo dê certo.
Como começa, numa empresa aérea, esse processo? Com o pé no chão, diz José Segundo, Diretor Financeiro da Rio Sul. Quer dizer, quando a empresa comprovadamente precisa de uma nova aeronave para responder a uma demanda bem definida na malha de rotas ou a um novo nicho do mercado. Aquisições apressadas ou vaidosas costumam terminar em prejuízos lamentáveis ou devoluções embaraçosas.
Após um criterioso processo de análise comparativa entre modelos de aviões disponíveis no mercado, envolvendo aspectos como conforto para o passageiro, confiabilidade técnica do equipamento, custos de operação e manutenção, infra-estrutura de apoio necessária, racionalização e padronização de frota, dentre outros, a empresa define inicialmente o modelo de avião mais adequado. Hoje a forma mais comum de contrato para aquisição de um avião é através de leasing operacional, segundo o qual a empresa aluga o avião, em geral por cinco anos - prazo renovável conforme a necessidade no momento, o que permite maior flexibilidade da empresa para se adequar às constantes mudanças tecnológicas dos produtos e do mercado de transporte. O desafio, então, passa a ser encontrar a empresa de leasing capaz de oferecer o modelo procurado nas melhores condições técnicas e comerciais. Existem muitos lessors (arrendadores, em inglês) no mercado mundial, todos com pelo menos dois temores básicos: que seus aviões fiquem parados - um prejuízo que pode variar de US$ 200 a US$ 300 mil mensais - ou que sejam devolvidos em mau estado. Assim, normalmente, não é nas fábricas que as empresas aéreas vão procurar seus aviões, mesmo quando o interesse for por aeronaves novas. Grande parte da produção de novas aeronaves é vendida antecipadamente e encontra-se "reservada" para diversos arrendadores.
Primeiros passos. Para ilustrar melhor, vamos acompanhar a Rio Sul adquirindo um avião, digamos, um Boeing, cujo modelo tenha sido definido pelo processo de escolha anteriormente descrito. O primeiro passo é entrar em contato com as empresas de leasing a fim de encontrar uma aeronave disponível e em condições favoráveis, quando entra em ação uma equipe de frente com negociadores qualificados, como o engenheiro Carlos Roberto Pereira, Gerente Geral de Engenharia e Manutenção; Luis Cobo Pimentel, também engenheiro aeronáutico com experiência em custos e contratos e, claro, para acompanhar tudo, passo a passo, uma experiente advogada, a dra. Glenda Romano. José Segundo, do Financeiro, que participa das tomadas de decisão iniciais, só volta a entrar em cena na hora de pagar o leasing.
O passo seguinte é enviar o engenheiro que vai examinar o avião em pessoa, conferir tanto a parte técnica como a documentação, especialmente o correto cumprimento do Manual de Manutenção. Se uma revisão de carro já é crucial, imagine a de um 737-500, cuja revisão completa de motor custa em torno US$ 1,5 milhão. Do parecer positivo depende a assinatura de um pré-contrato.
Enquanto isso, a negociação envolve intermináveis discussões de cláusulas contratuais que vão definir a relação entre a Rio Sul e o arrendador por todo o período em que a aeronave ficar operando na empresa, o que exige toneladas de documentos atestando sua idoneidade. A negociação implica também busca do aval de três órgãos brasileiros: o Departamento de Aviação Civil, o DAC, que analisa a viabilidade e consistência da transação, o Banco Central, que regulariza o câmbio para o pagamento do leasing em dólares, e a Secretaria de Comércio Exterior, que autoriza a importação em si. Mais: o modelo escolhido precisa contar com um certificado de operação do Brasil, a cargo do Centro Técnico Aeroespacial, o CTA.
Crivo rigoroso. Nesse momento, sob a supervisão da empresa de leasing, o avião está sendo preparado para ser entregue. Na reta final, seja na fábrica ou nas oficinas de manutenção a serviço do lessor, ele recebe mais uma visita de pelo menos um engenheiro da Rio Sul para testes de motor e de vôo e passa também por um crivo rigoroso por parte de, no mínimo, um engenheiro e um técnico do DAC. Também a autoridade aeronáutica local tem que fornecer um certificado de aeronavegabilidade de avião a ser exportado. Tudo pronto, o engenheiro-líder da missão da Rio Sul assina oficialmente o recebimento, a tripulação brasileira assume o comando e o avião toma enfim o rumo do Brasil.
A longa batalha chega ao fim. Os dois Boeings que neste mês de dezembro integram-se à frota da Rio Sul passaram por todo esse minucioso e cuidadoso processo. Mas nem tudo está calmo no andar da Presidência. Quem entra, por exemplo, na sala da dra. Glenda pode até pensar que sua função é o estudo de novas rotas ou coordenação de vôos, tal a quantidade de papéis, esquemas e planilhas sobre a sua mesa. Mas não é nada disso, a profusão de papéis indica que, no começo do ano, mais um Boeing estará sendo negociado.
Resta terminar lembrando um fator decisivo em todo esse longo processo da aquisição de uma aeronave: é a própria imagem da empresa no mercado. Nesse ponto, a crescente solidez financeira da Rio Sul e a impecável imagem internacional da VARIG em manutenção facilitam tremendamente as negociações em todas as suas fases.
Mesmo assim, aquele leitor mais despachado pode ainda se perguntar: tanta vistoria, certificados, testes no chão e no ar - não é muita complicação? Não, é apenas a explicação de por que, dentre os meios de transporte, o avião ainda é, estatisticamente, o mais seguro.

 

Nossas bravas pilotos

Na Rio Sul, a presença de mulheres na cabine está se tornando cada vez menos rara

Quando ainda era muito pequena, em São Paulo, Léa comunicou oficialmente à mãe que queria ser piloto de avião. A mãe viu mais coerência no irmão, que sonhava em ser apenas bombeiro. Mas a menina continuou teimando. Na escola, sentava perto da janela só para ver avião passar. No primeiro colegial, quando a orientadora fez teste vocacional, cravou sem dúvidas: piloto de avião. Compreensiva, a orientadora interpretou como aeromoça e indicou uma empresa aérea para melhores informações. Ela foi, gostou, por dez anos foi comissária da VARIG, trabalhou também como controladora de vôo, mas o sonho continuava inalterado: controlar o avião lá em cima, dentro da cabine. Decidiu então fazer os cursos básicos de piloto privado, piloto comercial, vôo por instrumentos em mono e multimotor. Em 1991 passou nas provas para fazer parte da equipe de pilotos da Rio Sul. Aprovada, teve de esperar quase três anos por uma vaga. Hoje, Léa de Paulo é, orgulhosamente, co-piloto de um Boeing 737-500. Está na cabine. O irmão é que abandonou o sonho de ser bombeiro; hoje é piloto também.
Em torno do 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a mídia costuma fazer um balanço dos novos postos e profissões agora assumidos pelas mulheres. Bem, na Rio Sul, elas estão, cada vez mais, presentes na cabine do avião. No momento, quatro estão pilotando e mais quatro se encontram na última fase das provas de admissão. Cada uma com seu sonho, sua história, mas todas com o mesmo currículo básico para tentar a carreira.
Esse currículo envolve os cursos de piloto privado, piloto comercial, vôo por instrumentos em mono e multimotor. Só com essas carteiras todas pode alguém se candidatar às provas de seleção numa empresa aérea, o que inclui, além de uma rigorosa avaliação médica e psicológica, matérias como navegação, conhecimento técnico, meteorologia, regulamentação do tráfego aéreo, aerodinâmica - mais inglês e, no caso da Rio Sul, português. Aí, enfim, começa a voar?
Não, aí começam os treinamentos de operações - em terra. O candidato aprende tudo sobre o tipo de avião que vai operar, faz 40 horas de simulador de vôo e só então passa para as instruções em rota ao lado do comandante - mais 150 horas. Depois de um exame final perante a empresa e um representante do DAC, Departamento de Aviação Civil, enfim - a carteira profissional de co-piloto para aquele tipo de equipamento. Cada vez que for trocar de aparelho, passar, por exemplo, de um Jet Class para um Boeing, o mesmo processo se repete - estudo teórico do novo equipamento, horas de simulador, horas de instrução em rota. Para chegar a comandante, umas três mil horas de vôo depois, é questão de dedicação, competência e uma necessidade da empresa que, por sua vez, reflete a expansão ou retração econômica do país.
Por esse longo e rigoroso processo todos passam, homens e mulheres. Só que, como lembra a comandante Teresa Paz, as mulheres são de certa forma mais observadas, cobradas. A responsabilidade é maior. Teresa no momento está de licença à espera de Micaela, a segunda filha. Ela é também uma das pioneiras na Rio Sul. Ficou quatro anos como co-piloto de um Fokker 50, onde passou a comandante e, na volta, vai iniciar as instruções para comandar um Jet Class da empresa.
Para ingressar e crescer na carreira homens e mulheres devem ter, rigorosamente, outra coisa em comum: vocação. E, aí, não tem jeito, está no sangue. Às vezes, na família. A carioca Ecila Castro é filha e irmã de pilotos. Foi comissária da VARIG, por conta e paixão fez todos os cursos básicos, fez provas, ingressou na Rio Sul e hoje é co-piloto de Boeing 737-500. Começou seu treinamento com os comandantes mais voados e experientes da empresa. Enfrentou algum preconceito? Ela diz que às vezes, em terra, há quem fique meio assim diante de uma unha pintada ou de batom na cabine. Já depois, no céu, a mesma e delicada função, a ser exercida com a mesma e rigorosa eficiência, fala mais alto.
Outra carioca, Andrea Mion, perfez uma rota mais longa até ingressar na Rio Sul como co-piloto de Jet Class. Com tanto brilho concluiu os cursos básicos que se tornou instrutora de vôo, inclusive de pilotos de helicóptero. Terminou gostando desse corpo-a-corpo com os ares que é voar de helicóptero. Durante quase quatro anos pilotou um para uma companhia que prestava serviços para a Petrobras. Fazia viagens para plataformas tanto no meio do mar como no meio da selva amazônica, onde a empresa extrai gás natural.
Teresa, Léa, Ecila, Andréa... Em breve, se concluírem com sucesso as provas de ingresso na companhia, teremos mais quatro nomes femininos nas cabines da Rio Sul. Maria, Ângela, Danúbia, Fabiana... Elas ainda são minoria, mas já com uma contribuição muito especial para o sucesso e o equilíbrio da empresa. E a verdade é que, com elas, o mundo da aviação, sem nenhum detrimento para o rigor profissional, ganha ainda mais um pouco de graça.

 

 

Um dia pleno em Munique

No tempo da guerra fria, Munique foi considerada a "capital clandestina" da Alemanha. Gostou tanto que ainda se autopromoveu para "metrópole com coração". Modéstia nunca foi a virtude dessa cidade paparicada pelos reis bávaros durante séculos. Uma cidade contraditória. No começo do século passado, por exemplo, namorou firme a revolução avant-garde liderada por escritores, jornalistas e artistas para, logo depois, se jogar nos braços de um pintor medíocre, Adolf Hitler, que fez dela a sede dos seus delírios.
Os bávaros são um povo expansivo, que gosta de dar bandeira, vestir trajes folclóricos. Tanto que já se tornou uma espécie de clichê do alemão típico, principalmente para publicitários estrangeiros. Na verdade, os alemães não-bávaros olham para eles com tanta curiosidade como o resto do mundo.

Despertar. Melhor começo para um dia pleno em Munique é acordar num amplo e elegante quarto do Rafael l, o hotel mais famoso da cidade, em pleno centro histórico. Recentemente ele teve o seu nome mudado para Mandarim Oriental, mas para o povo ele ainda se chama Rafael. O café da manhã é servido num dos salões mais cobiçados pelos fotógrafos de moda locais. Depois, recomenda-se um par de sapatos confortáveis porque o centro histórico merece uma visita a pé.
A melhor vista. Contornando o quarteirão do hotel e seguindo pela estreita Burgstrasse, a primeira, magnífica surpresa, é a larga Marienplatz, considerada o "grande salão" de Munique. Mas, em vez de entregar-se às belezas da praça, o melhor é dobrar à esquerda e subir os 302 degraus da torre de St. Peter l, rememorando brevemente o nascimento da cidade: no ano 1050, alguns monges ergueram ali uma basílica tão bonita que logo o lugar começou a ser chamado Munichen - monges, em alemão antigo. Agora, sim, do alto da torre, a visão mais imponente da praça toda, dominada pela gótica Câmara Municipal, ladeada pelas cúpulas esverdeadas da catedral Frauenkirche. Ao sul, com sorte, outro cenário imponente: a cadeia de picos brancos dos Alpes, tão próximos que parecem invadir as ruas.
Entre flores e salsichas. De volta à terra, e descendo uma ladeira, encontra-se a efervescente Viktualienmarkt l, a grande feira diária de Munique. Ali, entre maçãs, batatas e mangas importadas, o cheiro dos queijos, peixes, flores e o perfume das madames inundam democraticamente os ares. É um lugar todo ele energético, onde se pode, por exemplo, experimentar sem medo uma salsicha branca (Weisswurst), a grande estrela da culinária local. Ela deve ser comida quentinha, sem a pele e com bastante mostarda doce, e também na hora certa: bávaro que se preza desdenha salsicha branca depois que o sino da igreja deu meio-dia.
Um sonho rococó. Perto dali, a Sendlingerstrasse, além de exibir vitrines elegantes, conduz a uma curiosa fachada cheia de anjos e alegorias em estuque: são as históricas casa e igreja de Asam l. Numa atitude verdadeiramente barroca e única, esses dois irmãos Asam, artistas conceituados do século 18, resolveram construir, ao lado de sua casa, sua própria igreja. Unindo arquitetura, plástica e pintura, criaram ali um grandioso e delicado sonho rococó.
Schweinsbraten - ao molho. No fim da rua, a porta Sendliger Tor marca um dos limites da Munique medieval. Voltando para o centro, passando pelas construções barrocas da Kreuzstrasse e da Damenstiftstrasse, já na Neuhauserstrasse vai surgir a majestosa St. Michael, a maior igreja renascentista do norte europeu. Das pompas de Deus aos prazeres da Terra é um passo. Virando à esquerda, você está no aconchegante recinto do Augustinerbräu l, o restaurante da cervejaria mais antiga de Munique, fundada em 1328. Hora de almoçar, de saborear, em pleno "salão de conchas", todo em estilo art déco, um tradicional porco assado ao molho (Schweinsbraten), acompanhado de almôndegas de pão (Semmelknödel), tudo regado pela, incontestavelmente, melhor cerveja da cidade.
Devagar, às compras. Bem, depois de um almoço à base de Schweinnsbraten e da Semmelknödel, o mais indicado é uma caminhada tranqüila. Ainda bem, porque, logo na saída do restaurante, estende-se a maior área de compras da cidade. Um passeio pelas vitrines dos grandes magazines, shoppings e lojas de todos os tipos e tamanhos, é a oportunidade de redenção para quem fez a mala sem se dar conta de que, pelo menos de novembro até abril, as temperaturas na Alemanha raramente ultrapassam os dez graus positivos. Olhando, comprando, quase sem perceber, volta-se à Marienplatz l. Uma breve e doce pausa pode ser feita logo no começo da Dienerstrasse, sob as abóbadas da Dallmayer l, uma das mais célebres lojas de delikatessen da Europa. Ali se reúnem todos os sabores deste mundo, uma festa ao mesmo tempo exuberante e delicada. A casa merece ao menos uma simples taça de champanhe, de pé, no balcão mesmo.
Na câmara do tesouro. Agora é atravessar o retângulo da Max-Joseph-Platz até a imponente fachada da Residenz l, o belo palácio de todos os reis bávaros desde a Idade Média até 1918. Hoje virou um museu da vida e da arte nessas cortes. Dentre as atrações, a esplendorosa câmara do tesouro, Schatzkammer, onde se destaca a estatueta de São Jorge lutando com o dragão e literalmente transbordando de jóias preciosas. Outra caminhada memorável é pelo Antiquarium, a mais impressionante construção profana da renascença alemã. A volta pode ser pela Maximilianstrasse l, avenida das galerias, lojas de luxo e grifes famosas, cujas vitrines exibem, de certa forma, versões contemporâneas de todo o luxo que, no palácio real, já é História.
No templo da cerveja. Daqui para o São Rafael, na Neuturmstrasse, são poucos passos. Uma vez no hotel, a pausa pode ser breve, mais revigorante porque a Hofbräuhaus l, a cervejaria mais popular de Munique, agora já está funcionando a pleno vapor. Fundada em 1589, ela serve até dez mil canecas de cerveja de um litro por dia. O que ali corre solto é um eufórico "ein Prosit der Gemütlichkeit", um "brinde à jovialidade" devidamente orquestrado por bandinhas e instrumentos de sopro. A cerveja, claro, é fundamental para o sucesso da festa, mas, por precaução, faça antes um cauteloso prelúdio no restaurante de comidas típicas do segundo andar.
O último agito. Quem, apesar de tudo, não conseguiu se empolgar com tanta bandinha pode fazer uma curta corrida de táxi até o Kunstpark Ost l, perto do Ostbahnhof. Ali começa a fervilhar, agora, no vasto areal de uma antiga fábrica de purê de batata, um dos mais badalados centros de vida noturna da cidade. Uma aglomeração babilônica de 38 bares, clubes e boates oferece tudo para todas as tribos urbanas da modernidade. Você pode arriscar, por exemplo, uma gothic night no Shockers; uma Party dos anos 70 no Titania; um "furor latino" no Cohibar ou um psychedelic trance no Ultraschall. Enquanto isso, rola um show dos metaleiros do Motorhead e nem show de strip-tease falta. Após a saideira no salão da Nachtkantine, resta pegar o metrô ali na estação Ostbahnhof, descer na Odeonsplatz, perto do Rafael, onde o esperam um lauto bufê de café da manhã e, merecidamente, uma generosa cama de hotel antigo.

MUSEU ALEMÃO
Situado numa ilha do rio Isar, o Deutsches Museum é o maior museu de tecnologia do mundo. Explorar todos os seus 16 mil objetos expostos é uma missão quase impossível. Um dos destaques é a extraordinária seção de aeronáutica. Dos primeiros aparelhos voadores, passando pelo temido foguete V-2 dos nazistas, até chegar às sondas espaciais e satélites modernos, ali pode se ver tudo o que foi feito para voar.

 

OUTROS PASSEIOS
  • A Alte Pinakothek, aberta em 1836, apresenta uma das mais importantes coleções de pinturas dos velhos mestres europeus.
  • No Englischer Garten, maior parque urbano do mundo, dá para se perder passeando entre bosques e até surfar na onda permanente de um riacho que corta a área de quatro quilômetros quadrados.
  • Experimente um strudel de maçã no Dukatz, café-restaurante simpático no Literaturhaus (Salvatorplatz 1), onde tudo está impregnado de literatura e o café pode vir com um discreto "mais sexualidade, vossa senhoria!" estampado no pires.
  • Se vocÍ conseguir, assista a um jogo do FC Bayern Munchen pelo campeonato alem“o, sentado sob a famosa tenda do est·dio olÌmpico no Olympiapark. o Mesmo no inverno, È bom levar roupas de praia para suar e nadar sob as abÛbadas das piscinas aquecidas do M¸llersches Volksbad, uma lindÌssima casa de banhos em estilo barroco e art dÈco na margem do rio Isar.

 

COMO CHEGAR
A VARIG mantém três vôos semanais diretos
para Munique. Informações: (11) 5091-7000/
Toll free: 0800-997000

 

VARIG LOG, a festa

Foi uma noite memorável. Entre agentes, clientes e franqueados, um público de 1.300 pessoas lotou as vetustas dependências da Casa das Caldeiras, numa antiga fábrica das Indústrias Matarazzo, em São Paulo, para prestigiar o lançamento da VARIG LOGÍSTICA S.A., a VARIG LOG, que vem substituir e ampliar a VARIG CARGO, e do novo serviço de encomenda expressa VELOG.
A grande festa, que além de um público surpreendente incluiu um show musical e sorteios de passagens, apenas refletiu a magnitude do que a VARIG LOG já é ao nascer e de que, em breve, tem tudo para se tornar: uma empresa sólida, avançada e rentável da VARIG BRASIL. Com o advento do e-commerce e das grandes alianças comerciais entre países, o setor de cargas e entregas rápidas se tornou crucial para o mundo dos negócios, responsável, por exemplo, por 16% do faturamento da VARIG BRASIL. Em 1999, a VARIG CARGO transportou 1,1 bilhão de toneladas/km de carga, número que, no ano passado, pulou para 1,3 bilhão. Já para 2001 a nova empresa prevê um crescimento de 18% nesse volume. Com investimentos da ordem de US$ 100 milhões em agilização de infra-estrutura, a VARIG LOG pretende aumentar seu faturamento de US$ 500 milhões no ano passado para U$$ 630 milhões em 2001, dentro da meta de elevar para 30% a participação no faturamento geral da empresa nos próximos anos.
Para isso, expansão é a palavra de ordem na VARIG LOG. Seu serviço de entregas rápidas porta a porta, que abrange todo o território brasileiro e 350 cidades do Mercosul, em curto prazo deverá atingir outros países ao redor do mundo. As empresas franqueadas, que hoje são cerca de 300, deverão passar, até o fim do ano, para 500, entre lojas e centros de distribuição. Mediante um protocolo de intenções já assinado pelos presidentes da VARIG e da Petrobras Distribuidora (BR), os postos da BR e as lojas BR Mania vão oferecer produtos e serviços da VARIG LOG.
Bem estruturada, com uma frota exclusiva que inclui cinco Boeing 727-100, dois Boeing 727-200 e dois DC-10, a VARIG LOG pretende voar longe, além das nossas fronteiras. Mediante um contrato com a Lufthansa, prepara-se para atingir toda a Europa tanto para a importação como para a exportação de produtos brasileiros, distribuindo, por sua vez, no Brasil e em países vizinhos a carga trazida pela empresa alemã. Parceria semelhante está sendo feita com a empresa holandesa Martinair.
É historicamente comprovado que, nas guerras, a vitória, às vezes, depende mais de uma boa logística do que da superioridade numérica ou tecnológica. Ao expandir seu raio de ação, a VARIG LOGÍSTICA tem de, mais do que nunca, honrar o nome. José Carlos da Rocha Lima, seu presidente, que foi vice-presidente da VARIG CARGO, está consciente de que tanto o transporte de um simples pacote como o de grandes quantidades exige o perfeito funcionamento de uma complexa rede que envolve a coleta da carga ou encomenda, o armazenamento, a administração de estoques, a embalagem, e, por fim, entrega. Em alguns casos, exige também uma ágil integração com serviços rodoviários, ferroviários e marítimos. No caso da VARIG LOG, esse minucioso processo logístico envolve 137 aviões, centenas de veículos, parcerias e funcionários bem treinados. Acrescente-se que o chamado teatro de operações será, cada vez mais, o mundo inteiro e tem-se uma idéia de grandeza dessa batalha diária e crucial para o mundo dos negócios e das relações humanas. Mas o presidente Rocha Lima está otimista: "Vamos marcar nossa posição de inovação e liderança num mercado que não pára de crescer no Brasil e no mundo".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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