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ÍCARO BRASIL Nº 183 - Novembro de 1999

Varig, Brasil

Setenta e dois anos de vida no Brasil é um período longo, para qualquer empresa ou entidade. E não são muitas as que conseguiram tal longevidade, em qualquer setor, especialmente competindo de igual para igual com as mais importantes empresas globais. Em sua trajetória, a Varig tem uma história que se confunde em muitos momentos com a própria história do Brasil, já que em 22 de junho de 1927, com um Dornier chamado Atlântico, ela inaugurava a própria aviação comercial do país. Mais importante que todos os seus pioneirismos é que a Varig tem o carinho incondicional e a preferência dos brasileiros. Esta é a empresa em que os brasileiros confiam, porque tem a tradição de voar bem, conhece cada palmo aqui do nosso trópico, mas também sabe pousar em qualquer aeroporto do mundo com pista coberta de neve. O segredo? Treinamento, manutenção, serviço, algo que a tradição também explica. E na nossa trajetória, quantos modelos de avião utilizamos, Super Constellation, Caravelle, DC-3, Boeings de vários tipos e tamanhos, Junkers, MD-11... Quantas personalidades transportamos, presidentes, o Papa, artistas de Hollywood, escritores, seleções brasileiras, misses, músicos, políticos, cientistas... Quantas cargas imprescindíveis ao desenvolvimento do país passaram por nosso aviões. Considerando tudo isso, não nos parece temerário adicionar, a todos os Bom do Brasil que esta importante edição especial de Ícaro Brasil contém, o nome da nossa Varig, sem pretensão, mas reconhecendo o valor de tanta gente boa que tornou possível a concretização deste sonho.

Fernando Pinto
Presidente da Varig.

 

Inovações Premiadas

Ao promover inovações em seu serviço de bordo, a Varig visa essencialmente a plena satisfação dos passageiros durante todos os momentos da viagem. Mas é com orgulho que vemos que importantes entidades ligadas à aviação têm percebido e mesmo premiado nossos esforços.

Recentemente a revista Onboard Services, a maior publicação sobre catering e serviços de bordo, concedeu o prêmio Diamond Award para o novo Kit First Class da Varig. Lançado em dois modelos, um para a ida, outro para a volta, o kit premiado privilegia itens mais necessários no ambiente de vôo e os produtos cosméticos levam em conta avanços da aromaterapia no combate aos efeitos das longas viagens sobre o corpo humano.

Em outubro, durante um concorrido evento realizado em Salt Lake City, Utah, a Varig teve a satisfação de ver seus vídeos classificados entre os três melhores do Avion Awards 99, do qual participam as maiores empresas aéreas do mundo.

Outra inovação que nos tem propiciado, como prêmio muito especial, crescentes elogios por parte dos passageiros diz respeito à comida servida a bordo. Aqui a renovação começou em 1996, com a contratação do renomado chef Danio Braga como consultor gastronômico do nosso Serviço de Bordo. Graças a ele, os passageiros das classes Executiva e Primeira passaram a usufruir de cardápios modernos e sofisticados. A partir de 1998, ele contou com a contribuição de mais três grandes chefs de São Paulo - Luciano Boseggia, Deff Haupt e Emmanuel Bassoleil.

Agora, saudando a chegada do ano 2000, inovamos outra vez ao convidar três famosas chefs, Carla Pernambuco, Nelsa Trombino e Silvana Bianchi, para dar um toque feminino e muito brasileiro em nossos novos menus. Tenho certeza de que esta será mais uma inovação premiada pela satisfação do passageiro.


Fernando Pinto
Presidente da Varig

 

 

Atravessando o Atlântico um cargueiro

Werner Rudhart, fotógrafo alemão que vive em Camburi, litoral paulista, conta como é viajar de Hamburgo a Santos num cargueiro. Como se vê, o sacrifício nem é tanto

Há exatos 200 anos, zarpando para explorar os segredos do Novo Mundo, o famoso naturalista Alexander von Humboldt anotou: "A sensação ao embarcar numa primeira viagem longa no mar sempre tem algo profundamente emocionante".

No meu caso, foi um eclipse solar, escurecendo o céu no exato momento em que os rebocadores tiraram o navio do cais no porto de Hamburgo, que tornou a cena mais dramática ainda. E as milhares de pessoas que se aglomeravam nas margens do rio Elba, para melhor observar o tal eclipse lembravam os tempos em que a partida de uma nau para "esse mar de longo" era motivo de grande festa para a população. No final desse dia, quando o Cap Polonio apenas "taxiava" no cais, um avião da Varig, no mesmo período, já estaria se preparando para o pouso em Guarulhos.

Todo marinheiro de primeira viagem tem as suas próprias fantasias a respeito da aventura que tem pela frente. Assim, ao ver os marujos barbudos carregando as minhas bagagens a bordo, cheguei a imaginar piratas disfarçados, prontos para assaltar os contêineres. Mas, para o meu alívio, eles logo se revelariam membros do doce povo dos Kiribati, arquipélago de ilhas perdido no meio do Pacífico, onde companhias marítimas alemãs recrutam a maioria dos seus marinheiros. Fundada em 1871, a Hamburg-Süd é hoje, após comprar a brasileira Aliança no ano passado, uma das maiores companhias de navegação no eixo norte-sul, transportando em seus 77 navios cerca de dois milhões de toneladas de carga por ano e, também, cada vez mais passageiros.

Até a década de 70 era comum os navios cargueiros terem à disposição cabines para uma dúzia de passageiros, oferta quase extinta pela crise econômica dos anos 80. Por isso estou excepcionalmente hospedado no luxuoso apartamento do dono da companhia, com uma sala grande, dormitório e dois banheiros, enquanto os cargueiros mais novos já oferecem um número crescente de aposentos confortáveis só para passageiros. "Estamos com uma lista de espera", confirma Kerstin Ronai, gerente do departamento de viagens marítimas da Hamburg-Süd, que administra passagens de um pool de 20 companhias, levando passageiros a todas as costas, ilhas e mares deste mundo.

"Você tem 15 horas", avisa o capitão Claus Stomberg, esperando as águas de uma comporta nos abaixarem para o nível do porto de Antuérpia, nossa primeira parada. É pouco tempo para conhecer a cidade portuária da Bélgica. Em vez de uma rápida gincana cultural pela cidade, fico observando a eficiência absoluta, altamente mecanizada, de um moderno terminal de contêineres, que permite no máximo 24 horas de escala por porto. No quinto dia o Cap Polonio deixa Le Havre, o último porto europeu da sua rota, carregado com 1.439 contêineres somando 23.413 toneladas, rumo à América do Sul. Serão dez dias em alto-mar, tempo suficiente para explorar melhor a "casa" flutuante: conhecer o motor gigante, com mais de dez metros de altura que atravessa três deques e queima até 65 toneladas de óleo pesado por dia; acompanhar a ronda do segundo oficial, verificando as temperaturas de todos os contêineres com refrigeração, e observar o eletricista, salvando uma carga de queijos franceses do congelamento; ou, simplesmente olhar os peixes voadores fugindo da proa. A temida monotonia de uma longa viagem no mar, obviamente, só existe para quem quer. Passar uma noite no alto da ponte, iluminada exclusivamente por relâmpagos, monitores de navegação via satélite e as telas do radar, com o primeiro oficial tentando manter o curso por meio do trânsito intenso de embarcações no Canal da Mancha, parece um videogame, mas com suspense real. Você pode também escolher entre os livros que sempre quis ler e as histórias que, entre uma baforada de cachimbo e outra, o capitão Stomberg conta dos seus 40 anos no mar - de piratas que o abordaram no Porto de Santos ou de um fuzuê diplomático no Pacífico, quando os australianos queriam pôr em quarentena, durante uma semana, as enormes botas de couro que o rei de Tonga lhe pedira para mandar consertar.

A maioria dos passageiros nos cargueiros é formada por aposentados com tempo disponível. Tem também os apaixonados pelas coisas do mar, que não se entusiasmam quando pensam num desses cruzeiros modernos com milhares de pessoas "animadas" a bordo. Tem os que estão com medo de voar e os que adoram viagens lentas na tentativa de resgatar a nossa milenar ligação sensitiva entre tempo e espaço percorrido.

Depois das Ilhas de Cabo Verde, em vez de enfrentar as temidas calmarias equatoriais que ali deixaram as velas de tantas naus "estáticas, sem sopro ou movimento, como um inútil barco pintado", o Cap Polonio teve que desviar de um furacão. Durante dias o vento soprava de tal forma que deixaria os tripulantes de uma pequena caravela "fracos e como bêbados". O Cap Polonio, porém, com seus 200 metros de comprimento, 33 de largura e 12 de calado, estava "rolando moderadamente" sobre as grandes ondas, segundo as anotações do capitão no diário de bordo. Assim rolando em direção ao arquipélogo de Fernando de Noronha encontramos os fura-buxos, as aves da anunciação do Brasil, que há 500 anos também saudaram a frota de Cabral.

Na tarde do dia seguinte atracamos no porto de Suape, a 40 quilômetros do Recife, perto do Cabo de Santo Agostinho, onde, no dia 26 de janeiro de 1500, o espanhol VicenteYañez Pinzón foi o primeiro europeu a pisar em terra brasileira, três meses antes de Pedro Álvares Cabral.

Finalmente, no 18° dia, as rochas da Ilhabela, já no litoral paulista, emergem das brumas como um castelo medieval. Depois de quatro meses de Alemanha e dez dias de mar, estou ansioso para ver, mais adiante, a praia de Camburi, onde fica a minha casa no Brasil. Nossa Camburi está coberta pela cerração. Tão perto do seu destino, o navio parece andar cada vez mais devagar - mas está com os mesmos 18 nós de sempre, ou, 35 quilômetros por hora. Eu é que penso nos rios, árvores e pássaros da minha Mata Atlântica e concluo que, perto de casa, o coração tem nós que só Deus sabe.

Para quem quer atravessar o Atlântico sem embarcar num cruzeiro encontra nos navios de carga uma alternativa econômica e confortável. Com diárias em torno de R$ 150 é possível chegar a todas as costas deste mundo ou dar uma volta por ele em 88 dias. A oferta abrange os mais variados tipos e tamanhos de embarcações (há quem prefira as de carga diversa que, ao contrário dos navios de contêineres, permanecem nos portos por mais tempo). Não tem programas de animação nem necessidade de traje social (indispensável, porém, as roupas de banho: quase todos os navios são equipados com piscina - de água salgada) e as refeições são feitas na sala dos oficiais. Concluído o carregamento, o cargueiro levanta ferro (quem perde a hora num bar do porto fica para trás!). Diferente dos cruzeiros, a reserva de uma viagem de cargueiro só pode ser feita em algumas poucas agências especializadas. A Hamburg-Süd Reiseagentur na Alemanha (fax -49-40-37052420) é uma das maiores (as filiais da companhia no Brasil cuidam exclusivamente de cargas).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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